terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O sinal do Menino

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Eis o que vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas, deitado numa manjedoura.”
Por essas palavras de Lucas (2,11-12), percebe-se ter sido necessária uma intervenção direta com Deus para que o Messias fosse identificado, em razão das circunstâncias estranhas do seu nascimento. Enquanto os poderosos nascem “em berço de ouro”, o Filho de Deus aparece vestido de pobreza. E, durante a sua permanência na terra, ele foi sempre fiel ao cenário da sua chegada.
Seu pai adotivo era um carpinteiro; sua mãe, uma desconhecida jovem de Nazaré. Escolheu pescadores como primeiros parceiros para o cumprimento da sua missão. Foi sempre um defensor dos pequenos e fracos e morreu crucificado entre dois ladrões.
É muito importante refletir sobre isso, numa época em que o Natal se tornou a maior motivação consumista do ano, contrastando totalmente com os primeiros momentos da vida de Jesus – e com o tempo em que permaneceu fisicamente neste mundo. A liturgia do Advento destaca, como um dos referenciais para a preparação do Natal, João Batista – homem sóbrio, austero e despojado, que se vestia com pele de animais e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
A Igreja, que hoje se empenha tanto por autenticidade, não concorda com as distorções da sociedade ao rememorar esse acontecimento. Por conta das orgias do consumo, muitos entendem que se preparar para a celebração do Natal é percorrer centros comerciais e supermercados, a fim de encher carrinhos com presentes – nem sempre para os mais necessitados – e abarrotar a geladeira com produtos destinados a sofisticada ceia natalina.
Infelizmente as lições que Jesus nos deu com o seu nascimento e sua vida são esquecidas. A agitação de dezembro não nos propicia tempo para a oração, a leitura e a meditação dos textos sagrados que falam do mistério de um Deus que assumiu a natureza humana e apresentou aos homens a única proposta de vida capaz de proporcionar a todos a felicidade e a paz tão desejadas.
D. Geraldo Majella Agnelo – Cardeal Arcebispo de Salvador

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