domingo, 1 de agosto de 2010

Agosto - mês das vocações

Ontem a vocação de Samuel, hoje a minha.

A vocação é um chamado de Deus, um chamado de amor ao ser humano. Chamando a existência, chamando a segui-lo, na e com a Igreja, chamando a ser instrumento de salvação na comunidade como membro do Corpo Místico, cuja cabeça é Cristo. E deste modo, encontramos na Sagrada Escritura experiências de homens e mulheres que ouvindo e respondendo ao chamado de Deus, trilhou caminhos nunca antes pensados.

Como encontramos na vocação de Samuel, nome que revela a natureza do seu nascimento. Sua mãe Ana que diante de uma tristeza extrema, sem filhos, ou seja, sem a bênção de Deus. Pede, ou melhor, clama para que Ele olhe para seu coração atribulado e aflito. Mesmo que o atendimento deste clamor, resultasse na entrega total da graça recebida ao autor da graça. Ela o recebe, nomeia como Samuel que significa “o tenho pedido ao Senhor”. E devolve-o para servi-lo no templo. É na confiança e entrega a Deus que conseguimos, unidos em oração, lançar-nos inteiramente e sem reservas Nele, deixando a graça produzir o seu efeito em nós, gerando o desapego.

Quem de nós poderíamos desejar tanto algo de Deus e quando recebermos, devolvêssemos a Ele, inteiramente, sem reservas ou exigências? Que tipo de oração estamos fazendo? De pedido ou te entrega? Que tipo de oração mais precisamos?

A experiência com Deus acontece quando menos esperamos, pois não se trata de fórmulas mágicas, mas uma abertura ao eterno, um seguir passos de outrem, um seguimento mesmo que não entendamos a totalidade do pedido e nem das exigências e dificuldades da caminhada. É um estar atento a voz de Deus que pode nos falar de diversas formas e em diversos lugares. Na e com a experiência dos irmãos mais velhos que nos ajudam neste processo de amadurecimentos da fé, pois nós não somos os primeiros e não seremos os últimos a trilhar o caminho de Deus, por isso, devemos ter a humildade para reconhecer as nossas limitações e o zelo para com aqueles que estão sendo gerados no seio da Igreja.

O chamado de Deus é sempre pessoal, ele nos chama pelo nome: “Samuel, Samuel”; João, João; Marta, Marta; Rita, Rita... E assim, hoje, ele continua a chamar aquém Ele quer e quando quiser. Chamado este, que não de baseia simplesmente na capacidade humana, mas na graça de Deus que age na nossa pequenez. Deus concede ao homem a capacidade de criar, transformar a realidade em que vive, não participa passivamente da obra criadora, porém de forma ativa, ele dá nome a obra criada.

Quantas vezes Deus pode nos convocar para uma missão, uma conversão, aceitar uma pessoa chata que nos faz perder a paciência, ser sinal de Deus no trabalho, não fugir da comunidade diante dos problemas que sempre surge, aceitar o irmão que é diferente de mim, mas também filho de Deus como eu. Hoje, também, Jesus não é reconhecido: “Ora, Samuel ainda não conhecia ao Senhor, e a palavra do Senhor ainda não lhe tinha sido revelada”. Poderíamos dizer que quando acontece isso conosco é porque também não conhecemos a Deus, por isso agimos desta forma? Ou porque não enxergamos isto como exigência de Deus para nós? Ou porque é mais fácil fugir do que enfrentar o problema? Muitas outras perguntas poderiam surgir, mas a nossa intenção é apontar que o chamado que Deus nos faz é continuo e constante, por isso, a vigilância é característica fundamental do cristão.

Diante da vigilância, é que conseguimos de maneira concreta e imediata, responder ao chamado de Deus. Portanto, a resposta ao chamado de Deus se dá a partir da experiência com Ele. Quanto mais profunda e verdadeira for a experiência com o mistério, muito mais prontamente será a nossa resposta a Deus e ao seu projeto de construção do reino que começa aqui.

Deste modo, hoje, mais uma vez, o eterno vem a ti. Ele chega como das outras vezes. Fala-lhe ao ouvido. Convoca-te a realizar o que muitas vezes o “homem velho” não permite fazer. Convida a vencer no Senhor, a vaidade, o egoísmo, a mentira, a divisão, a calúnia, e tudo aquilo que destrói o reino. E quando menos esperar Ele quer contar com você neste projeto: “Depois veio o Senhor, parou e chamou como das outras vezes: Samuel! Samuel! Ao que respondeu Samuel: Fala, porque o teu servo ouve”. Samuel respondeu: SIM, e você o que vai responder...

Pe Reginaldo de Almeida Teixeira, natural de Salvador - Bahia, Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia, Especialista em Liturgia, atualmente Mestrando em Direito Canônico no Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro Conveniado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário