domingo, 11 de março de 2012

Reflexão do 3º Domingo da Quaresma

* Adilson Silva
Caros irmãos e irmãs, estamos no 3º Domingo da Quaresma e a liturgia de hoje nos convida a refletir acerca dos valores sobre os quais está pautada a nossa pratica religiosa. Enquanto, na primeira leitura, Deus estabelece uma aliança de amor com o seu povo eleito, através do decálogo, o evangelho mostra Jesus expulsando as pessoas que empreendem uma relação de interesses econômicos com Deus e a religião. Deste modo, a Palavra de Deus questiona-nos, hoje, acerca de como estamos vivenciando a nossa fé: será que, na Igreja, estou buscando realizar, na minha vida, os desígnios do Senhor porque compreendo que a proposta do evangelho é caminho de felicidade, ou, através de minhas orações, busco receber de Deus as suas graças e seus milagres em minha vida sem nenhum comprometimento com sua Palavra?

Na primeira leitura de hoje, tirada do livro do Êxodo (20, 1-17) vemos, nos v. 5 e 6, o amor misericordioso de nosso Deus cujo castigo é, infinitamente, desproporcional à sua recompensa para com aqueles que Lhe são fiéis. A partir deste princípio, Deus estabelece uma Aliança de amor com seu povo eleito através dos dez mandamentos. Vejam, meus irmãos e irmãs, as prescrições do decálogo não são um conjunto de regras rígidas que visam reprimir as ações humanas de forma hostil, usurpando ao homem a liberdade de comportamento. Não. Pelo contrário, Deus apresenta ao seu povo um caminho para se encontrar a verdadeira felicidade e a forma para se usar, mais autenticamente, a liberdade. Com efeito, a nossa verdadeira felicidade consiste em fazer a vontade de Deus, pois quem peca não é livre, uma vez que se torna escravo do pecado (Jo 8,34).

Caríssimos, vejamos como essa palavra é atualíssima, quantas pessoas, deliberadamente, optam por não participar da Igreja porque pensam que Deus quer lhes tirar a juventude, a liberdade e/ou a felicidade. Veem os mandamentos de Deus de forma negativa e pessimista e, assim, preferem viver segundo as suas paixões, satisfazendo todos os seus desejos e instintos. Muitas dessas pessoas identificam prazer com felicidade, deste modo, vivem procurando os prazeres efêmeros do mundo, mas não conseguem alcançar a paz interior. Deus é Pai e conhece nossos anseios mais profundos, sabe da nossa sede de felicidade e de sentido de vida, por isso, por mais dolorosa e exigente que seja, a nossa felicidade consiste em fazer a vontade Deus e não em realizar os nossos caprichos.
Outro aspecto importante da liturgia deste Domingo é que nos é apresentado por Jesus no evangelho. Enquanto tem pessoas que preferem não se aproximar de Deus com medo que Ele lhe tire algo, existem outras que se aproveitam das coisas de Deus com fins econômicos e, estritamente, individualista. Vejam só, Jesus expulsa, hostilmente, as pessoas que vendiam animais para serem sacrificados no próprio Templo, e tudo isso era feito com o consentimento dos doutores da Lei, os quais deveriam ser os primeiros por zelar pelo Templo – lugar onde Deus habita. Por isso, os discípulos lembram-se do salmista: “O zelo por tua casa me consome, Senhor.”

Aqui mais do que inibir o comércio de animais na “Casa do Senhor”, Jesus quer chamar a nossa atenção para o fato de que, agora, os animais não são mais necessários para o culto, pois Jesus Cristo é o novo Templo e o sacrifício é feito n’Ele mesmo; Ele é, de fato, sacerdote (que realiza o sacrifício) altar (onde o sacrifício é realizado) e cordeiro (Ele mesmo é imolado por nós). Que beleza, irmãos é a liturgia deste Domingo para nós. O Senhor trás um novo sentido para o culto no Templo, o sacrifício de animais já passou, agora é “POR CRISTO, COM CRISTO E EM CRISTO” que as nossas preces são elevadas a Deus.
Resta-nos, então, a reflexão: de que forma é pautada a nossa relação com Deus? Queremos abraçar a redenção trazida por Cristo, com tudo aquilo que ela implica, ou seja, a renúncia de nós mesmos, de nossa vontade para fazer a vontade de Deus? Ou, buscamos através de nossas praticas religiosas, alcançar as graças e benefícios de Deus, sem nenhum comprometimento com a sua Palavra?
* Adilson Silva - seminarista de nossa Arquidiocese, oriundo de nossa Comunidade

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