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Por Pe. José Lima
Meus queridos irmãos de fé e de religião, o Evangelho de hoje aparentemente parece um escândalo, uma verdadeira provação, uma ousadia para uma mentalidade de bom senso. É um pouco assustador - será que Jesus faz o elogio da
FRAUDE, da
TRAPASSA, da
IMPOSTURA, da
DESONESTIDADE, da
CORRUPÇÃO, da
MENTIRA, da
INJUSTIÇA, da
HABILIDADE de dar um
JEITO.... fatos que constituem manchetes nos jornais de cada dia?
NÃO! Jesus não está elogiando a desonestidade, não! tentaremos descobrir o sentido original da
PARÁBOLA para a nossa vida hoje.
Segundo o costume naquela época, o administrador tinha o direito de conceder empréstimos com os bens do seu Senhor, e , como não era remunerado, ele se indenizava aumentando no recibo, a importância dos empréstimos. Assim, na hora do reembolso, ficava com a diferença. No presente caso, ele não havia emprestado senão, na realidade, apenas 50 barris de óleo e 80 medidas de trigo. Colocando no recibo a quantia real, ele estava se privando do benefício, daí o elogio pela esperteza de fazer amigos com o dinheiro injusto, pois podia subtrair como de costume, mas não fez. Assim sendo, o administrador, faz devedores do seu patrão, devedores seus, de favores. Assim ele fez amigos com o dinheiro injusto.
Jesus elogiou o administrador desonesto pelo fato de ter agido astutamente. Eis o ponto crucial, o enfoque original o paradigma. O administrador inescrupuloso, é elogiado não pela fraude, mas, sim, pela atitude ousada e decidida em face de sua situação crítica. Ele não permanece na letargia da passividade no dizer " Deixa tudo como está para ver como é que fica." Ele não agiu assim, mas sente e percebe muito bem que tudo está em jogo: seu emprego e ganha - pão, sua vida e sua morte, sua salvação ou condenação.Por isso, age com lucidez e firmeza, tomando uma atitude decidida e corajosa a fim de superar a crise e garantir uma nova chance, uma nova existência, assegurando um lugar ao sol - " Ser ou não ser, eis a questão!" Ser atinado, ser lúcido, ser decidido, ser atento, conhecer e reconhecer nossa condição humana, nossa verdaeira realidade ou ignorá-la, eis a problemática que envolve constantemente a nossa caminhada. A pior crise é não perceber o conflito, o pior perigo é não perceber a ameaça.
A esta altura, seria erro pensar que Jesus pôs em guarda só os riscos contra o perigo de idolatrar o DINHEIRO. A verdade é que todos, ricos e pobres, beiramos o mesmo pecado. O dinheiro é um deus tirano e tem um lugar em cada coração: do rico e do pobre, no coração do adulto realista e do jovem idealista.... Jesus não condena a riqueza, e sim o mau uso que dela se faz.
Quanto a nós, esta é a nossa dramática alternativa: escolher o Reino de Deus e sua justiça, ou a idolatria da riqueza. Bem sabendo que, onde estiver nosso tesouro, lá estará também nosso coração. ( Mt 6, 21)
*Pe. José Lima, é vigário paroquial e coordenador paroquial da Pastoral da Saúde.
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