Este domingo é o domingo do Emanuel, do ”Deus conosco!”. O orvalho que desce do céu faz brotar da terra a salvação, o Salvador (Is 45,8) evoca o canto de entrada.
O centro da liturgia é, pois,
o maravilhoso encontro do divino e do humano na pessoa de Jesus Cristo. Nos domingos anteriores as expectativas do AT eram a imagem da nossa esperança escatológica.
Hoje entramos mais diretamente no mis-tério de Deus, em Jesus, maravilha operada por Deus na realidade humana. Deus pôs mãos à obra:
Jesus é Deus-conosco (Mt1,23),
e conosco permanecerá (cf. fim do ev. de Mt 28,20).
A obra de Deus é de sempre e para sempre!
Neste mistério, a Virgem-Mãe ocupa um lugar central. A mensagem do anjo é a primeira manifestação da obra de Deus, que vai desde a anunciação até a res-surreição! Maria aparece aqui como a jovem escolhida por Deus, qual esposa pelo rei. A virgindade de Maria significa sua disponibilidade para a obra de Deus a se realizar nela. Nela brota o fruto que, em pessoa, é o sinal de que Deus está conosco.
O mistério de Jesus ter nascido sem que Maria deixasse de ser virgem significa que Jesus, em última instância, não é mera obra humana, mas antes de tudo um presente de Deus à humanidade. Seu nascimento é sinal de que Deus está conosco para nos salvar. Seu nome, Jesus, significa, Deus salva. (Deus-conosco-nos-salva!).
Todo mistério se manifesta através de sinais: o mistério do amor se revela no sinal do gesto da rosa ofertada; o mistério de Deus através do sinal da Virgem que se torna Mãe. Diante do mistério do Filho que Deus dá ao mundo, nós sentimos profunda admiração-contemplação, fé e confiança diante do agir de Deus em Jesus, verdadeiramente homem e verdadeiramente Filho de Deus. Sentimos também gratidão pelo presente que Deus nos oferece. E deixando de lado todas (as nossas vãs e vaidosas) tentativas de “desvendar o mistério”, dediquemo-nos a contemplá-lo e a nos envolver na alegria que o representa.
Estamos às portas do Natal. A liturgia de hoje se concentra em torno da Boa Notícia:
“Deus está conosco!” Esse anúncio feito pelos profetas, pelos apóstolos e servos de Deus no passado,
é-nos feito hoje pessoalmente (=a cada um de nós). É preciso tomar consciência disso: Deus, em Jesus, armou sua tenda ao lado da nossa e está conosco todos os dias, nas alegrias e nas tristezas, nas esperanças e nas angústias.
O Natal daquele Menino (que vamos comemorar) tem que recordar-nos “algum” compromisso nosso com a justiça de um mundo de igualdade, de fraternida-de, de bem-estar e de paz para todos sem distinção.
Somos cristãos chamados à esperança desse mundo inaugurado por esse Menino, pré-anunciado pelos profetas, por João Batista, por Maria e José. Somos convidados a revelar para o mundo de hoje quais são os sinais dessa esperança.
Quais são os sinais da nossa esperança?
Nesta semana precisamos dar um tempo a Deus para que ele nos inicie nos seus mistérios, como iniciou Maria, como iniciou José. Abertos a Deus, ini-ciados no seu mistério de amor, somos chamados a ser compromissados com o anúncio (a divulgação, a revelação, a vivência) do seu plano de amor. Aqui está o grande problema: estamos muito mais interessados nos nossos planos do que nos planos de Deus (a nosso respeito e a respeito do mundo em que vivemos). Depois, nos queixamos que as coisas não dão certo … não caminham como esperamos … não nos trazem felicidade … não nos realizam … não nos dão a sonhada paz do coração …
Aquele que os profetas predisseram, aquele que o Batista apontou, aquele que a Virgem esperou com amor de Mãe, aquele que José assumiu como pai e defensor, aquele que os anjos cantaram, aquele que os pastores adoraram … (aquele que Herodes e seus amigos odiaram…) esse é o Menino-Deus que nós tam-bém queremos acolher no coração e comprometer-nos com sua proposta de vida e de mundo.
Maria, embora figura principal, passa quase despercebida. É figura principal porque não pretende aparecer, não estão em busca dos holofotes, nem das câme-ras. Na sua humildade, Deus quis se fazer presente na humanidade, sem alar-de. Nosso amor não é puro; nada fazemos sem um pouco de interesse próprio, sem uma ou segundas intenções. A fecundidade de Maria é tão grande, a ponto de gerar Deus, porque é virginal, porque é pura, isenta de qualquer segunda intenção.
José era um homem justo. Sua justiça, porém, não se reduz ao simples e estrito cumprimento da Lei. Se ele só visse a Lei, teria denunciado Maria. Sua justiça vai muito além e deixa-se guiar pelos critérios de Deus, Pai de todos, que respeita a todos, que a todos entende e compreende. Sua justiça supera e muito a dos “escribas e fariseus”. Essa é a justiça que nos faz muita falta.
Fonte: celebrando.org.
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