domingo, 29 de janeiro de 2012

CELEBRAÇÃO DO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

Por Adilson Silva (Seminarista) durante a celebração em nossa comunidade
Caríssimos irmãos e irmãs, estamos no quarto Domingo do Tempo Comum e vislumbramos o início da vida pública e das pregações de Jesus. No evangelho de hoje, Marcos apresenta Jesus como aquele que tem autoridade e sua autoridade é confirmada através de suas práticas, ou seja, sua palavra é sucedida por uma ação. Ele ordena e o espírito impuro sai do homem de forma violenta. Pois bem, antes de entrarmos na reflexão sobre o evangelho, vejamos o que as primeiras leituras tem para nos dizer hoje.
A primeira leitura, retirada do livro do Deuteronômio, apresenta-nos Moisés como sendo um modelo de profeta, por conta de sua proximidade com Deus.Deste modo, ele é considerado aquele que falava com Deus face-a-face. Na verdade, “ninguém jamais viu a Deus” como nos diz o evangelho segundo São João 1, 18, quando o texto diz que Moisés falava com Deus face-a-face, refere-se à intimidade espiritual com a qual ele se relacionava com Deus o que lhe conferia a capacidade e autoridade necessárias para bem conduzir o seu povo.
Moisés foi um profeta muito importante na história do povo de Israel, por isso foi o primeiro e modelo de todos os profetas. Perto de sua morte, Deus promete ao povo que enviará um novo profeta a altura de Moisés, a fim de continuar governado e dirigindo o povo para o caminho de Deus. Isso mostra o cuidado e o carinho do Senhor para com seu povo, mediante a morte iminente de Moisés, Deus não irá abandonar seu povo ao vazio do deserto, mas continuará cuidado para que todos permaneçam firmes no caminho rumo à Terra Prometida. Este é um sinal visível da bondade e providência divina que não nos abandona mesmo nos momentos mais difíceis de nossa vida.
A segunda leitura retirada da Carta aos Coríntios, apresenta-nos São Paulo chamando a atenção de sua comunidade acerca da importância da virgindade e castidade orientadas para o Reino de Deus. Numa primeira leitura deste texto, podemos incorrer no erro de pensar que São Paulo aqui está sendo contra ao casamento e ao matrimônio, no entanto, não é essa a intenção do Apóstolo. Para compreendermos melhor está passagem, precisamos nos voltar ao contexto em que vivia a comunidade de Corinto naquele tempo. Em sua época, as pessoas não davam nenhum valor à virgindade e ao celibato de um modo geral, pelo contrário, havia uma aversão a estas práticas – o que não é muito diferente de nosso tempo.
Mediante esta realidade, o Apóstolo quer ressaltar e resgatar a importância e a beleza de uma vida, totalmente, doada por amor a Cristo e a serviço de seu Reino. Assim como no tempo do Apóstolo Paulo, hoje, também nós, vivemos em uma sociedade que não reconhece, não compreende e nem valoriza a importância da virgindade e do celibato. Por isso é que vemos a proliferação da promiscuidade, garotas adolescentes que engravidam muito cedo, com 14, 13 anos de idade. Meninas que deveriam estar na escola estudando e vivendo aquilo que é próprio de seu tempo e de sua idade, possuem sua inocência maculada, precocemente, tendo que assumir posturas e responsabilidades antes do tempo, pelo fato de se tornarem mãe imaturamente. Que valor possui a virgindade hoje? Quem hoje observa a orientação da Igreja para que se tenha relação sexual apenas após o matrimônio? Pois bem, meus irmãos e irmãs, o mais grave dessa situação não é o fato de nossa sociedade não observar essas orientações, e sim, o fato de nós católicos sermos os primeiros a não as observar.
Muitos de nós somos a favor de que o padre case e tenha família, muitos de nós somos a favor da união homo afetiva, e assim por diante. Deste modo, nós percebemos que o principal problema da Igreja está dentro dela e não fora, isto porque a mentalidade do mundo está dentro de nós. O mundo nunca vai compreender o fato de uma pessoa renunciar aos prazeres mundanos para se consagrar,inteiramente,a Deus. Com efeito, diz Jesus no evangelho segundo São Mateus 19, 12 “Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!” Somente quem faz uma profunda experiência do amor de Deus, em sua vida, é capaz de viver tal realidade. Somente quem descobriu, em Jesus Cristo, o único e verdadeiro sentido de sua existência pode doar-se, inteiramente, por amor. Essa é uma atitude radical.
São Paulo mesmo fez essa experiência em sua vida. Como ele mesmo nos diz que depois que encontrou a Cristo considera tudo como lixo, comparado a Cristo e a seu evangelho. Ele se torna celibatário por opção, consagra-se, inteiramente, a CRISTO e a sua Igreja.São Paulo não impõe a ninguém o celibato, até porque nem todos são chamados a este estado de vida. Sabemos que existem casais quem vivem muito mais a santidade do que alguns celibatários. O texto ressalta o fato de que quem é casado precisa dividir-se para dar atenção a sua família e a Deus, ao passo que quem é solteiro pode dedicar-se, inteiramente, ao serviço de Deus. O Apóstolo reconhece a importância do matrimônio de modo a elevar a união entre o homem e a mulher à dignidade da união entre Cristo e a sua Igreja (cf. 2 Cor 11, 2; Ef 5, 21-33).
*Celibato (do latim cælibatus que significa "não casado") hoje refere-se a pessoa que renuncia a ter relações sexuais, consagrando-se, inteiramente, a Cristo e à sua Igreja. *Eunuco – pessoa que não pode ter relação sexual pelo fato de ser castrada.
Chegamos então ao evangelho, que tem como tema a autoridade de Jesus. As pessoas se admiram com o ensinamento de Jesus porque Ele fala como quem tem autoridade, diferente dos escribas que apenas faziam repetir formulas prontas que decoravam, mas sem comprometer-se com aquilo que diziam. O que Significa ter autoridade? Primeiro lugar, Jesus tem autoridade porque ele vive o que diz e a sua palavra se concretiza. O ensinamento de Cristo é confirmado pela sua ação concreta: expulsa o demônio. Quem conferiu esta autoridade a Jesus? Sua autoridade, sobretudo, é fruto de sua relação direta com o Pai, Ele é, ainda, maior que Moisés porque Ele sim viu o Pai face-a-face. Jesus, de fato, foi o único que viu a Deus, pois Ele veio de Deus.
Deste modo, Jesus veio para expulsar os demônios de nossa vida, quer derrubar todas as armadilhas de satanás que nos aprisionam no pecado, que nos escravizam e não permitem que vivamos a liberdade dos filhos de Deus. Quando queremos seguir Jesus é isto que o demônio faz: “agita-nos violentamente”, ou seja, o inimigo não quer que vivamos bem, não quer nos ver em paz, não quer que os jovens guardem a pureza da castidade, não quer que os casais vivam, na fidelidade, o matrimônio. Não. Ele não quer nada disso, por isso que quem busca levar uma vida santa e íntegra diante de Deus passa por uma grande luta. Tem pessoas que não acreditam na existência do inimigo de Deus e de sua influência em nossas vidas. E é isso mesmo que ele quer, que não acreditemos em sua existência, assim não teremos que lutar contra ele. Não precisaremos rezar, nem ir a Igreja e assim por diante. São Paulo nos diz: “Nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne... Mas contra os espíritos do Mal” (Ef 6, 12).
Irmãos caríssimos, voltemo-nos para CRISTO com toda confiança e esperança em seu amor.
“Senhor, Tu és a nossa luz e a nossa única salvação, em Ti eu ponho toda a minha confiança e esperança. Retira-me, Senhor, do meu comodismo, da minha apatia, da minha frieza espiritual, da minha falta de fé. Daí-me, Jesus, um espírito renovado, um coração novo, um novo ardor missionário, que eu seja capaz de Ti amar acima de todas as coisas. Não permitais, ó Pai Santo, que eu seja contaminado pelas falsas doutrinas e falsas ideologias que a sociedade atual dissemina em nosso mundo e que me afastam e me impedem de viver conforme a sua vontade. Senhor, que Tu sejas tudo, tudo, tudo em minha vida e que eu possa viver de forma agradável aos teus olhos.”Rezemos, juntos, a oração exorcista de São Bento: “A Cruz sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia, não me aconselhes coisas vãs, retira-te satanás, é mau o que me ofereces, bebe tu mesmo do teu próprio veneno. Amém!”
Adilson Silva – Seminarista da Arquidiocese de São Salvador, oriundo de nossa comunidade.

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